12/08/2004

Outros Tempos II

Eu sei que já devem estar cansados mas não resisto a colocar mais este:


Olhando para trás, é difícil acreditar que estejamos vivos.
Nós viajávamos em carros sem cintos de segurança ou air bag.
Não tivemos nenhuma tampa à prova de crianças em frascos de remédios, portas, ou armários e andávamos de bicicleta sem capacete, sem contar que pedíamos boleia.
Bebíamos água directamente da mangueira e não da garrafa.
Gastámos horas a construir os nossos carrinhos de rolamentos para descer ladeira abaixo e só então descobríamos que nos tínhamos esquecido dos travões.
Depois de colidir com algumas árvores, aprendemos a resolver o problema.
Saíamos de casa de manhã, brincávamos o dia inteiro, e só voltávamos quando se acendiam as luzes da rua.
Ninguém nos podia localizar.
Não havia telemóveis.
Nós partimos ossos e dentes, e não havia nenhuma lei para punir os culpados.
Eram acidentes.
Ninguém para culpar, só a nós próprios.
Tivemos brigas e esmurramos uns aos outros e aprendemos a superar isto.
Comemos doces e bebemos refrigerantes mas não éramos obesos.
Estávamos sempre ao ar livre, a correr e a brincar.
Compartilhamos garrafas de refrigerante e ninguém morreu por causa disso.
Não tivemos Playstations, Nintendo 64, vídeo games, 99 canais a cabo, filmes em vídeo, surround sound, telemóveis, computadores ou Internet.
Nós tivemos amigos.
Nós saíamos e íamos ter com eles.
Íamos de bicicleta ou a pé até casa deles e batíamos à porta.
Imaginem tal coisa!
Sem pedir autorização aos pais, por nós mesmos!
Lá fora, no mundo cruel!
Sem nenhum responsável!
Como conseguimos fazer isto?
Fizemos jogos com bastões e bolas de ténis e comemos minhocas e, embora nos tenham dito que aconteceria, nunca nos caíram os olhos ou as minhocas ficaram vivas na nossa barriga para sempre.
Nos jogos da escola, nem toda a gente fazia parte da equipa.
Os que não fizeram, tiveram que aprender a lidar com a decepção...
Alguns estudantes não eram tão inteligentes quanto os outros.
Eles repetiam o ano!
Que horror!
Não inventavam testes extras.
Éramos responsáveis pelas nossas acções e arcávamos com as consequências.
Não havia ninguém que pudesse resolver isso.
A ideia de um pai nos protegendo, se desrespeitássemos alguma lei, era inadmissível!
Eles protegiam as leis!
Imaginem!
A nossa geração produziu alguns dos melhores compradores de risco, criadores de soluções e inventores.
Os últimos 50 anos foram uma explosão de inovações e novas ideias.
Tivemos liberdade, fracasso, sucesso e responsabilidade, e aprendemos a lidar com isso.


E pronto.
Já está !
Agora vou parar com isto.